A China que eu vi / 3

Hoje vou fazer uma mistureba, um trivial variado, com registros curtos de algumas coisas que me chamaram a atenção.

COMO ASSIM? ANDAIMES DE BAMBU?

Hong Kong é China, ainda que seja uma China diferente. E no centro de Hong Kong não conseguia tirar os olhos dos prédios que tinham andaimes, aquela proteção externa durante obras, porque não queria acreditar no que via: pareciam feitos com bambu. E não é que eram mesmo de bambu?

Fiz algumas fotos, rapidamente (fiquei só um dia na cidade), mas tem boas fotos (e informações importantes), por exemplo, no Atlas Obscura, e no South China Morning Post.

O NINHO DOS TESLA

Tesla, vocês sabem, é marca famosa de carros elétricos. São relativamente caros, mas sonho de consumo de muita gente, no mundo todo. E em Shekou (Shenzhen), na área do centro financeiro, tem um estacionamento exclusivo para carros Tesla, com recarregadores. O estacionamento para as demais marcas é no subsolo.

Pelo jeito os banqueiros e seus clientes riquinhos gostam muito dessa marca, porque o estacionamento tem sempre bastante carro. Ah, claro, em Shanghai terminaram de construir uma mega-fábrica Tesla, que deve produzir, pra começar, uns 250 mil carros elétricos por ano.

O MEDO DO SOL

As mulheres chinesas (e acho que de outros países orientais, também), fogem do sol. Uma das tradições mais arraigadas no imaginário popular é que uma pele pálida é sinal de virtude, de saúde, de beleza. Pele bronzeada, às vezes, é associada ao fato de ter que trabalhar ao ar livre, realizando atividades braçais. Por isso, num calor úmido de mais de 35 graus, não era difícil encontrar pessoas com mangas compridas, máscaras, chapéus de abas muito grandes e, sempre, com sombrinhas.

É mais raro, mas o medo do sol também faz com que homens se protejam.

No The New York Times tem uma reportagem (de 2012) bem interessante sobre as chinesas na praia, de máscara (umas balaclavas), para não pegar sol. Clique aqui para ler e ver as fotos.

Por essas e outras é que fiquei com a impressão de que terem substituído a bela prainha que existia em Shekou, há 3o anos, por um aterro urbanizado, não causou grande impacto. Ir à praia e pegar sol é um grande problema.

A POLÍCIA TÁ DE OLHO

Em Shenzhen existe uma sensação de segurança estranha, para quem é brasileiro (ou italiano, ou argentino, ou francês) e mesmo os índices de pequenos crimes (batedores de carteira, ladrões de bicicleta) são muito baixos. Uma das razões para isso, até onde consegui saber, são as centenas (milhares?) de câmeras, várias com reconhecimento facial, que a polícia espalhou pela cidade. É bem fácil encontrar esses postes com dois ou três tipos de câmera e iluminação noturna. E, em alguns locais mais movimentados tem postos de polícia abertos e, curiosamente, com policiais.

Na placa, está escrito “Polícia e cidadãos estão juntos para tomar medidas severas contra contrabando e atividades criminais. Quem der informações relevantes será recompensado”.
Que tal? Caixa eletrônico na rua, funcionando 24h.

CHAFARIZ RASINHO

Num lugar de verões muito quentes, faz sentido instalar chafarizes e outros equipamentos com água, como elemento paisagístico e também para ajudar a reduzir um pouco a sensação de abafamento.

Não é grande novidade, mas achei curioso que todos os chafarizes de Shekou não tivessem, como é comum aqui e em outros lugares, um tanque. Deem uma espiada nas fotos que vocês vão entender melhor.

Com água, funcionando.
Desligado, sem água, para manutenção.

ÁRVORE ESQUISITA

A cobertura de sinal de celular, na China, é espetacular. O problema é que tem um firewall que bloqueia o que o governo acha que deve bloquear. Numa das avenidas de Shenzhen a Lúcia chamou a atenção para umas árvores esquisitas, que pareciam artificiais. Olhando melhor dava pra ver que eram as antenas de telefonia, disfarçadas. Como estava no carro e não parei pra fotografar, as fotos ficaram bem ruins, mas dá pra ter uma ideia.

A ideia de disfarçar as torres com árvores falsas é quase tão ruim quanto as minhas fotos. Mas não é exclusividade chinesa. Nesta matéria da Vox tem fotos de alguns outros locais.

A FIM DE UM POMBINHO?

Pra terminar. Num dos shoppings de Shekou, na praça ao ar livre do terceiro andar, uma mulher vendia saquinhos de comida para os pombos. Os pombos, treinados e trazidos por ela, eram bem amigáveis. E interesseiros. Subiam nos braços e ombros da gente, esperando encontrar, na mão, a comida. O saquinho custava 10 yuans (uns R$ 6,00).

Quando os pombos voavam e se empoleiravam nos beirados próximos, a mulher tocava um apito e eles voltavam para o chão. Quando ela não estava por ali, não tinha pombos.

Aí quando vi, numa das estações de metrô, esse cartaz com a propaganda de um restaurante especializado em pombos, fiquei dividido. Deve ser meio esquisito comer o bichinho com quem a gente brincou…

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Cesar Valente Escrito por:

Jornalista e designer gráfico catarinense, manezinho, setentão. Ex uma porção de coisas, mas sempre inventando moda: a mais nova é o mestrado em Jornalismo na UFSC.